sexta-feira, 11 de março de 2016

Solução para crise econômica passa por entendimento político

Duas premissas podem levar a cabo uma solução política para a crise: 1) amplo entendimento entre governo e oposição; e 2) que concordem que o momento para o confronto político se dê nas eleições de 2018. Isto seria ‘uma concessão democrática da oposição’ para ajudar a solucionar a crise. O pós 13 de março poderá ser a senha para tal entendimento.

Marcos Verlaine*

Que interessante, com a possibilidade de prisão de Lula, mais especificamente com a condução coercitiva do ex-presidente na última sexta (4), o mercado reagiu favoravelmente. A bolsa subiu e o dólar caiu. Então, se confirma a tese que parte expressiva da crise econômica é política!

Isto não é o aspecto mais importante e grave da luta política em curso. O mais grave é perceber que, de um lado, os agentes de mercado atuam efetivamente para desestabilizar ainda mais a economia para forçar uma solução política com a qual concordam. Isto é, apear a presidente Dilma da Presidência e inviabilizar uma candidatura competitiva do PT. E de outro controlam e dosam alguns fluxos da economia, de modo a aprofundar a crise e injetar-lhe mais combustível para ampliar a crise política, a fim de apressar o fim do atual governo.

A falta de lucidez dessa estratégia demonstra quão descompromissados com a democracia são os setores que atuam sob a lógica do ‘quanto pior, melhor’. A oposição, apoiada pelo mercado, a mídia e setores do Judiciário, aposta numa solução de força, que pode ser o impeachment ou a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE. Essas podem não ser as soluções mais democráticas para o momento histórico.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) chama a atenção para este aspecto do debate político em entrevista para o portal Brasil247, na última quarta-feira (9). A solução para crise não passará pela força, no sentido do confronto, mas sim pelo entendimento amplo.

“Segundo Dino, nenhum arranjo político será capaz de conter o ímpeto da Lava Jato, dada a força vital adquirida pela operação. No entanto, ele afirma que ainda há espaço para que as forças políticas que construíram a democracia no Brasil encontrem saídas para conter a escalada do ódio, da intolerância e do fascismo. ‘Caberá à presidente Dilma, após o dia 13, convocar esse diálogo, e a oposição terá que reconhecer que o calendário eleitoral é 2018, e não agora’”.

O dia seguinte ao 13 de março
Mas o pós 13 de março não pode ser uma agenda de conveniência, nem para o governo, nem tampouco para a oposição. Ou seja, se for um ato pífio (tudo indica que não será) o governo responde com arrogância e fecha os olhos para a crise. Se não for, a oposição abaixa a cabeça e segue em marcha batida a estimular a espiral oposicionista e de intolerância radicalizada na sociedade.

Ainda segundo o governador, ‘o impeachment é a pior das alternativas, porque abriria um longo ciclo de vingança e violência política no País, com prejuízos seríssimos para a economia’ e a democracia.

Sem forças políticas e sociais suficientes para derrotar o PT, Lula e Dilma, a oposição, com ajudas externas poderosíssimas (mercado e mídia) judicializaram a política e tem se valido da operação Lava-Jato para emparedar o governo e o partido que o conduz desde 2003. Esse processo começou com o chamado ‘mensalão’, em 2005.

A economia como eixo
Como é a economia que vai estabilizar a política e não o contrário, as forças de mercado lançam mão de seu poder para recrudescer a crise econômica e inviabilizar a solução política. Nesse aspecto, a oposição conta com uma ‘ajuda’ do governo, que não consegue operar politicamente uma transição e, com isso, vai caminhando para o isolamento.

Um governo sem ousadia e iniciativas corajosas não transitará para uma situação de estabilidade.

Duas premissas, segundo o governador do Maranhão, podem levar a cabo uma solução política para a crise: amplo entendimento entre governo e oposição. E amplo quer dizer que nem governo, nem oposição podem querer impor suas agendas.

É preciso que haja um consenso democrático para trazer à tona uma agenda econômica e política capaz de contemplar amplos interesses que possam superar o confronto, pois nesse ambiente conflagrado todos perdem.

E que todos — governo e oposição — tenham em mente e concordem que o momento para o confronto político se dê nas eleições de 2018. Isto, na visão de Dino, seria ‘uma concessão democrática da oposição’ para ajudar a superar a crise.

A questão agora é: quem tomará essa iniciativa? Pela lógica deveria ser a presidente Dilma. Que a lucidez seja o caminho a ser trilhado! Com a palavra Dilma!

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap
Fonte: Diap

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